sábado, 16 de abril de 2011

Eu...




Eu quero... ser tudo aquilo que mereço
Eu tenho... a eterna ilusão de um dia entender
Eu acho... que talvez seja mais do que pareço
Eu odeio... a vulgar banalidade de me perder


Eu escuto... os meus múrmurios e em neles adormeço
Eu cheiro... um mundo feito de cores ao alvorecer
Eu imploro... em preces vãs numa língua que não conheço 

Eu arrependo-me… por vezes sem sentir nem transparecer 
Eu amo... a ti meu amor é este o meu triste preço
Eu sinto dor... numa estranha e doce sensação por descrever

Eu sinto falta... de mim quando só de mim me esqueço
Eu importo-me... com tudo para enfim nada compreender
Eu sempre... fujo das amarras deste imenso mundo expeço 

Eu acredito... em fábulas imaginárias com vozes a condizer
Eu danço... entre musas aladas num inebriante jogo desconexo 
Eu canto... meus sonhos sem nada nem ninguém me deter 

Eu choro... onde as lágrimas se confundem com fugaz chovediço
Eu falho... quando acerto na desilusão de meu mal me querer
Eu luto… com fantasmas soturnos num mar envolto em sargaço

Eu escrevo... frases dislexias que só para mim irei remeter 
Eu ganho... essa vã esperança envolta em teu suave feitiço 
Eu perco... o som da minha alma sem esperança de me socorrer
Eu nunca digo... só apenas sinto neste meu vazio postiço

Eu sou... a neblina ocre reflexo na bruma por resplandecer
Eu fico feliz... essa alegoria fingida plantada em terreno movediço 
Eu tenho esperança... que me encontre antes de assim perecer
Eu preciso... de acreditar que tudo isto enfim é real e maciço

Eu deveria... quem sabe apenas somente viver

(Antônio de Almeida)

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